Depois de ter falido, como País, como sistema financeiro, enfim... como sistema sócio-político, a Islândia resolveu mudar de vida. Nas eleições deste fim de semana ganharam os sociais democratas. Prevê-se que a Islândia apresente, já em Julho, a sua candidatura à União Europeia. A Islândia, agora, depois de falida, quer adoptar o Euro. Percebeu que já não é possível, no mundo globalizado, defender uma pequena moeda.
É interessante ver como um dos bastiões do eurocepticismo mudou logo que faliu. Eram riquíssimos os islandeses e não queriam partilhar com os mais pobres. Agora querem partilhar com os mais ricos.
O exemplo da Islândia está a contaminar outros Estados nórdicos, como a Dinamarca, que, segundo as últimas sondagens, já aceita o Euro.
Vejamos agora qual o efeito da falência da Irlanda na ratificação do Tratado de Lisboa.
Foi importante ver o debate entre os dois principais candidatos.
Vital Moreira não conseguiu libertar-se da postura defensiva de quem está por conta do Governo, nem dum passado em que estava contra a Europa e a favor da União Soviética.
Rangel, que não tem um passado que o comprometa, mostrou-se solto, rápido, independente e com um raciocínio próprio.
Começo a concordar com Rangel que seria útil não separar questões que são comummente nacionais e europeias.Não obstante, gostaria de ver mais debate sobre as grandes questões institucionais da Europa.
É peregrina a ideia de transformar a eleições europeias em primárias ou ensaio geral em que os eleitores vão aproveitar para castigar o governo sem o querer derrubar.
É uma ideia peregrina porque diminui a importância da democracia europeia e a representatividade do Parlamento Europeu e peregrina porque vai facilitar a vida ao Governo, se esta eleição lhe for desfavorável. Finalmente, é ainda mais peregrina porque contribui para a abstençâo: ninguem se desloca para votar sem ser a sério.
Mas esta ideia peregrina instalou-se, depois de muito repetida por espíritos de ideias curtas que dizem o que ouviram dizer e não estão habituados a pensar.
Será completamente diferente uma União Europeia com maioria do PPE ou do PSE no Parlamento Europeu. E esta diferença terá repercussões também em Portugal.
Muito mais diferente do que um Portugal com uma maioria do PSD ou do PS em S. Bento.
As reformas, as modificações e as novas soluções para Portugal só podem vir da Europa. Em Portugal já se viu que não há soluções.
Commonsense está cada vez mais longe do mainstream político daqui.
Aqui usam-se as europeias para consumo interno, no combate do anão com a anã.
Commonsense está interessado noutras coisas: não permitir o regresso à EFTA (como querem os eurocépticos) e avançar na construção da união política. Ratificar e pôr e funcionar o Tratado de Lisboa. Restituir à Europa o papel de potência mundial que perdeu no fim da segunda guerra, na crise do suez, na descolonização. Reforçar a economia europeia e defendê-la do dumping asiático e da globalização, criar emprego e valor, reforçar a rede social, reduzir o fosso entre pobres e risco, criar justiça social. Repor a justiça a funcionar e meter os vigaristas na prisão. Acabar com o poder das oligarquias mediaticamente assistidas por uma imprensa de aluguer.
Commonsense é um europeu que nasceu aqui. Não lhe interessa este tipo de campanha. Não tem nada a ver com ela. Nem com os partidos que a fazem. Nem como a competição do anão com a anã.
Commonsense vai votar nas europeias. Mas gostava de o fazer noutro Estado Membro.
Devia ser pemitido.
O PSD lá se decidiu: candidatou o Paulo Rangel e mandou-o fazer campanha sobre questões nacionais.
A primeira opção suscita-me uma reserva: Rangel estava a fazer um óptimo papel como líder do grupo parlamentar. Era o único que chegava no Sócrates e chegava para o Sócrates. Era a única oposição real, visível e credível. Talvez ficasse melhor onde estava.
A segunda é oportunista e reactiva. Como o PS tenta evitar a discussão de questões nacionais para evitar o desgaste da situação péssima do País, o PSD tenta trazer o debate para as questões nacionais para majorar esse desgaste. Porém, eu preferia discutir agora questões europeias e, na altura prória, questões nacionais. Acho muito má opção política menosprezar nesta altura as questões europeias.
Já agora: quando Vital Moreira era comunista, ainda alguém se lembra o que é que ele pensava e dizia sobre a Europa? já era um europeu, ou era mesmo só um russo? Como não há duas sem três, o que é que será a próxima encarnação (ou encadernação) de Vital Moreira? Os vira-casacas nunca contribuem para a credibilidade do sistema político.... nem de coisa nenhuma.
Que mania esta, do PSD, de fazer caixinha.
Afinal quem é que vão candidatar ao Parlamento Europeu? a Cinha Jardim?
Pobre partido que eu ajudei a fundar...
Finalmente começa a ver-se uma mudança na política externa americana. Hillary Clinton tem experiência, sabe o que é o mundo e já começou a fazer qualquer coisa. Acabou com a política de hostilidade contra a Europa e a Rússia. É toda uma nova atitude. Ao contrário da administração Bush, a relação com a Europa já não é de desprezo e antagonismo e com a Rússia acabou a diabolização e a provocação sistemática.
Espera-se agora que, num ambiente de cooperação USA-UE-Rússia, seja possível iniciar políticas inteligentes e – se Deus quiser – eficientes em relação ao Irão, ao Afeganistão, ao Iraque, à Coreia do Norte e à Palestina.
Já não era sem tempo.
O acontecimento político deste fim de semana foi a cimeira europeia.
Está em questão o apoio financeiro aos Estados Membros que enfrentarem problemas graves de financiamento da sua dívida externa, quer dizer: a falência. Estão à vista situações muito próximas na Polónia, na Hungria e na Letónia. Mas também, na zona Euro, na Grécia e na Irlanda. Portugal e Espanha ainda não estão assim, mas podem vir a estar.
Decidiu-se, e bem, afastar os nacionalismos e proteccionismos nacionais e apoiar os Estados Membros que necessitarem de suporte financeiro. A Alemanha disse-o com clareza.
A União Europeia tem a maior economia do mundo e tem meios para suportar os seus Membros que estiverem em dificuldade. Esta decisão significa mais um passo gigante para a integração europeia.
Houve decisões que ficaram em stand-by, mas podem vir a ser tomadas: a antecipação da entrada no Euro da Hungria, da Letónia e talvez da Polónia; o reforço do orçamento comunitário, com a emissão de eurobonds e/ou um imposto europeu cobrado directamente nos estados Membros, de modo a permitir reforçar as intervenções financeiras redistribuidoras dentro da União.
A solidariedade europeia é importantíssima. O que se passou nesta cimeira é crucial.
Muita gente se queixa de não conhecer, não compreender o Tratado de Lisboa e até de ele ser incompreensível.
Commonsense apressa-se a ajudar toda a gente e publica aqui a hiperligação para a versão consolidada do Tratado de Lisboa, isto é, o texto final resultante das alterações e remissões aprovadas.
Este é o texto oficial do Tratado da União Europeia, tal como resulta do Tratado de Lisboa.
Commonsense pede agora a todos que digam quais são os preceitos que não aceitam ou para os quais preferiam uma redacção diversa.
E, já agora, que tentem discernir o que é que neste Tratado justifica o voto contra dos irlandeses.
Não é desculpa não conhecer o Tratado, que está disponível facilmente, nem sequer não o compreender porque não é mais complicado que a Constituição Portuguesa, que nunca foi referendada e que 99% dos portugueses nunca leu.
Commonsense fica á espera dos comentários.
É notório o embaraço da diplomacia portuguesa perante a declaração unilateral de independência do Kosovo.
O costume diplomático de seguir os Estados Unidos levaria Luís Amado a apressar-se a reconhecer antes mesmo de toda a gente. Mas a necessidade de manter o bom relacionamento com a Espanha aconselha prudência. O Presidente da República parece sensível ao perigo de instabilidade que um precedente como este inevitavelmente envolve, e as suas declarações parecem ter travado uma atitude precipitada do Governo. A localização de tropas portuguesas num dos locais mais sensíveis do Kosovo também não aconselha o reconhecimento.
Esta questão do Kosovo tem a marca inconfundível das grandes manobras americanas de desestabilização. Os balcãs são, hoje, o ventre mole da Europa. A declaração unilateral da independência do Kosovo, logo reconhecida pelos EUA - e surpeeendentemente, por vários Estados da União - acaba com qualquer esperança de paz e estabilidade na região. Na Sérvia, os sectores pró-europeus perderam toda a capacidade de argumentação e será imparável uma aproximação rápida à Rússia. O Kosovo é um estado inviável, quer na economia quer no resto. Vai ser um estado mafioso, a viver do tráfego de heroína e de prostituição, de branqueamento de dinheiro, etc. - uma mistura de Calábria e Faixa de Gaza.
Nas Nações Unidas, a Rússia e a China já anunciaram que irão vetar o reconhecimento internacional. Previsivelmente o Kosovo nunca terá a sua bandeira nas Nações Unidas nem na União Europeia.
Há todas as razões para preocupação.
Em Mafra, Putin referiu-se à instalação de mísseis na Europa de Leste como uma nova "crise dos mísseis" comparável à que ocorreu em Cuba nos anos sessenta, que deixou o mundo à beira da guerra.
Seria bom que os Checos e os Polacos compreendessem bem o que se passa e deixassem de obedecer em tudo ao "amigo americano" não permitindo a sua instalação.
A intervenção do "nosso" Barroso podia ter sido mais diplomática. Mas ele também é muito amigo do "amigo americano".
As coisas estão a ficar feias por aqui.
Segundo o Idenpendent, a apoio à União Europeia, no Reino Unido, alcançou 42%, subindo 8% nos últimos 10 anos. http://news.independent.co.uk/europe/article1164557.ece
Isto é muito importante, porque a alternativa da Inglaterra é simples e clara: membro de pleno direito da UE ou colónia dos EUA.
É preciso, porém, que se decidam, porque niguém está dispostoa a esperar o resto da vida por eles.
Como dizia De Gaule, é preciso não confundir a entrada da Inglaterra na Europa com a entrada da Europa na Comunidade Britância.
Ao chegar ao fim o «período de meditação» sobre a constituição europeia, Barroso propôs o seu prolongamento. Ninguém sabe bem o que fazer.
Há várias alternativas:
O que não é possível é manter esta paralisia por muito mais tempo. O países europeus não têm massa crítica perante os grandes actores mundiais: USA, Rússia, China, Índia, Brasil. Só um país Europa, federal ou não, com mais de 500 milhões de habitantes, pode evitar a decadência, o enfraquecimento, o empobrecimento e a colonização.
Esta Pátria Europa, tem de ter uma política externa e um exército próprios que lhe dêm credibilidade e imponham respeito, uma economia bem gerida e protegida que evite o massacre dos postos de trabalho provocado pela globalização e pelo dumping oculto, instituições de justiça e de polícia comuns que a livrem do crime organizado.
Só assim será possível preservar a grande civilização, a grande cultura, o grande espaço de liberdade, de paz, de concórdia, de justiça social e de progresso que é a Europa... que somos nós.
É preciso fazer qualquer coisa.
Foi o menino de ouro da política inglesa... europeia... mundial... Inventou a nova esquerda, moderna, moderada, inteligente. Ocupou o centro. Cooperou com a direita neo-con. A sua estrela parecia não ter fim.
Sabe-se lá como e porquê, caíu em desgraça. Tudo lhe corre mal, tudo o que vai mal lhe é imputado. Contam-lhe os dias que lhe faltam.
É assim... what goes up must come down ...
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