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Sexta-feira, 6 de Junho de 2008
"subtil amordaçamento da liberdade de imprensa"

No blog Comadres, Compadres & Companhia , numa resposta a um meu comentário, a Curiosa referiu com inspiração o "subtil amordaçamento da liberdade de imprensa".

 

A imprensa mudou muito nos últimos anos, e não só em Portugal. Já não há uma imprensa de jornalistas, há uma imprensa de accionistas. Quem manda nos jornais e nas televisões, quem determina o que se publica ou não, já não é a pena independente do jornalista, é o teclado do computar do empregado. Jornalista empregado, mas empregado. Demasiadas vezes com emprego precário e sem autonomia económica. Sobretudo, sem liberdade para dizer não. Tem aquele emprego e vive dele... o que é que ele pode fazer?! Escreve o que lhe mandam ou, no melhor dos casos, o que lhe deixam.

 

Todos nós já notámos isso. Foi claro no caso do licenciatura de José Sócrates: Belmiro ficou desagradado com o que o Governo fez na sua OPA sobre a PT e o Público publicou tudo aquilo. Era material que já lá estava, mas cuja publicação ainda não tinha sido permitida. Se a SONAE tivesse conseguido vencer na sua OPA sobre a PT, provavelmente nunca tinha sido publicado o que quer que fosse sobre a lamentável licenciaturo do nosso Primeiro Ministro. Também no Expresso, por exemplo, tenho a maior dúvida que saia alguma coisa do desagrado de Balsemão. E assim sucessivamente ...


Tudo isto não é inocente nem acontece por acaso. Basta estudar as teses da política neo-con para ver como é. Hoje já não vivemos bem numa democracia como a entendíamos antigamente, mas numa "coisa" nova e má que eu chamo (a designação é minha) uma "oligarquia mediaticamente assistida", em que o "bezerro de ouro" controla os media, principalmente as televisões, e através deles o eleitorado.

 

Depois, basta ter disponíveis dois clones políticos, um na esquerda e outro na direita, susceptíveis de serem alternados como no rotativismo monárquico. Eles são eleitos e depostos por um eleitorado formalmente livre mas politicamente manipulado pelos media e pelos seus accionistas. Nos debates televisivos, ainda os telespectadores se não levantaram das cadeiras, já apareceram uns comentadores profissionalizados a ditar quem é que ganhou. Nas eleições, lá estão eles a dizer quem vai ganhar. Todas as semanas há barómetros (ou termómetros) a dizer quais os políticos que sobem e que descem. 

 

Todos os políticos sabem, hoje, que a sua sorte é ditada pelos media. Conscientemente ou inconscientemente actuam de modo a ter "boa imprensa". E quem tiver "má imprensa" nunca terá êxito.

 

De qualquer modo, é indiferente: se não ganhar o clone de esquerda, ganhará o clone de direita. Se um deles começar a desagradar, lá estão os media para convencer o eleitorado de que é melhor mudar para o outro clone. E assim alternadamente....

 

O resultado é claro: sejam quais forem as vicissitudes, sejam quais forem os resultados eleitorais, quem manda é sempre o PSI 20.

 

A única resposta a tudo isto são o blogs. E é fundamental que se mantenham com a liberdade que têm tido.


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publicado por commonsense às 23:23
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4 comentários:
De Anónimo a 7 de Junho de 2008 às 14:15
A extensão e efeitos do controlo dos media é discutível, mas não que esse controlo existe. Isso é por demais evidente. Lembro-me de casos em que para levar à demissão de um ministro se passam sistematicamente notícias de problemas associados à responsabilidade desse ministério (como por exemplos assaltos a postos de combustível, etc.). Quando finalmente o ministro caí, as notícias desaparecem.

O problema que limita alternativas aos média convencionais em que uma notícia se propaga e amplifica ao longo de vários intermediários (como por exemplo blogs) é o da confiança. Muito facilmente um boato ou rumor pode ser amplificado como se fosse real. É difícil controlar a qualidade da informação quando esta fica distante da fonte primária. Com as novas possibilidades de comunicação pareceria que deveriamos estar mais bem informados, mas na realidade os media convencionais acabam por usar sempre os mesmos agregadores internacionais de notícias (Reuters, AP, etc.). Os blogs acabam por ficar limitados ao comentário do que se acha que se está a passar, e é dificil passar para além disso.


De Maria Sá Carneiro a 13 de Junho de 2008 às 16:48
Considero que de facto os Blogs têm trazido muitos artigos com coragem, com verdade, que a comunicação social não têm coragem para divulgar.
Muitos ajudam-nos a não perder a esperança já que desde a justiça à comunicação social está tudo hipotecado.

Maria


De JP RIBEIRO a 15 de Junho de 2008 às 09:56
My parents told me about Mr. Common Sense early in my life and told me I would do well to call on him when making decisions. It seems he was always around in my early years but less and less as time passed by until today I read his obituary. Please join me in a moment of silence in remembrance. For Common Sense had served us all so well for so many generations.

Obituary
Common Sense

Today we mourn the passing of a beloved old friend, Common Sense, who has been with us for many years. No one knows for sure how old he was since his birth records were long ago lost in bureaucratic red tape.

He will be remembered as having cultivated such valuable lessons as knowing when to come in out of the rain, why the early bird gets the worm, life isn't always fair, and maybe it was my fault.

Common Sense lived by simple, sound financial policies (don't spend more than you earn) and reliable parenting strategies (adults, not children are in charge).

His health began to deteriorate rapidly when well intentioned but overbearing regulations were set in place. Reports of a six-year-old boy charged with sexual harassment for kissing a class mate; teens suspended from school for using mouthwash after lunch; and a teacher fired for reprimanding an unruly student, only worsened his condition.

Common Sense lost ground when parents attacked teachers for doing the job they themselves failed to do in disciplining their unruly children. It declined even further when schools were required to get parental consent to administer Aspirin, sun lotion or a sticky plaster to a student; but could not inform the parents when a student became pregnant and wanted to have an abortion.

Common Sense lost the will to live as the Ten Commandments became contraband; churches became businesses; and criminals received better treatment than their victims.


Common Sense took a beating when you couldn't defend yourself from a burglar in your own home and the burglar can sue you for assault.

Common Sense finally gave up the will to live, after a woman failed to realize that a steaming cup of coffee was hot. She spilled a little in her lap, and was promptly awarded a huge settlement.

Common Sense was preceded in death by his parents, Truth and Trust; his wife, Discretion; his daughter, Responsibility; and his son, Reason.
He is survived by three stepbrothers; I Know My Rights, Someone Else is to Blame, and I'm a Victim.

Not many attended his funeral because so few realized he was gone If you still remember him pass this on. If not, join the majority and do nothing.


De commonsense a 15 de Junho de 2008 às 12:44
Posso acescentar "not in my backyard".
Obrigado.


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