A aprovação pelo Parlamento da alteração do sistema de financiamento dos partidos políticos que aumenta para o dobro os limites de dinheiro que os partidos podem receber vai introduzir uma alteração estrutural profunda no sistema político-partidário português.
Os partidos vão passar a ser - agora oficialmente - propriedade dos donos do dinheiro. O que já era uma oligarquia mediaticamente assistida, passa agora a ser um estado mafioso. É previsível que a próxima lei sobre o estatuto dos partidos políticos venha a institiur as SAP - sociedades anónimas partidárias, com cotação na bolsa e accionistas privados. Depois serão as OPAs e as tomadas de controlo por off-shores da Colômbia e da Calábria. De Angola também.
A Manuela continuará presidente do PSD, SAP, SGPS, SA, sem ter dado por nada; Jorge Coelho, da Mota/PS, SAP, SGPS, SA.
Pela primeira vez na vida, Commonsense não vai votar.
A Chrysler faliu. Recorreu ao célebre Capítulo 11 da lei americana da falência para se proteger dos credores. Depois de reduzir passivo, de se livrar de contratos com distribuidores, fornecedores, etc., de reduzir o fundo de pensões dos empregados e de pôr de lados os mastodontes Dodge e Jeep, pensa-se que será comparada pela FIAT.
Aguarda-se o que irá acontecer com a GM, que tem um prazo até 1 de Junho para resolver os seus problemas financeiros, o que ninguém acredita que consiga fazer. Neste caso, fala-se de nacionalização.
Está a acontecer à indústria automóvel americana o mesmo que aconteceu à inglesa nos anos 70.
As mesmas receitas fazem os mesmos bolos.
Depois de ter falido, como País, como sistema financeiro, enfim... como sistema sócio-político, a Islândia resolveu mudar de vida. Nas eleições deste fim de semana ganharam os sociais democratas. Prevê-se que a Islândia apresente, já em Julho, a sua candidatura à União Europeia. A Islândia, agora, depois de falida, quer adoptar o Euro. Percebeu que já não é possível, no mundo globalizado, defender uma pequena moeda.
É interessante ver como um dos bastiões do eurocepticismo mudou logo que faliu. Eram riquíssimos os islandeses e não queriam partilhar com os mais pobres. Agora querem partilhar com os mais ricos.
O exemplo da Islândia está a contaminar outros Estados nórdicos, como a Dinamarca, que, segundo as últimas sondagens, já aceita o Euro.
Vejamos agora qual o efeito da falência da Irlanda na ratificação do Tratado de Lisboa.
O que o Director do Diário de Notícias escreveu a propósito da entrevista de Sócrates e em sua defesa fez-me recordar.
Foi importante ver o debate entre os dois principais candidatos.
Vital Moreira não conseguiu libertar-se da postura defensiva de quem está por conta do Governo, nem dum passado em que estava contra a Europa e a favor da União Soviética.
Rangel, que não tem um passado que o comprometa, mostrou-se solto, rápido, independente e com um raciocínio próprio.
Começo a concordar com Rangel que seria útil não separar questões que são comummente nacionais e europeias.Não obstante, gostaria de ver mais debate sobre as grandes questões institucionais da Europa.
É peregrina a ideia de transformar a eleições europeias em primárias ou ensaio geral em que os eleitores vão aproveitar para castigar o governo sem o querer derrubar.
É uma ideia peregrina porque diminui a importância da democracia europeia e a representatividade do Parlamento Europeu e peregrina porque vai facilitar a vida ao Governo, se esta eleição lhe for desfavorável. Finalmente, é ainda mais peregrina porque contribui para a abstençâo: ninguem se desloca para votar sem ser a sério.
Mas esta ideia peregrina instalou-se, depois de muito repetida por espíritos de ideias curtas que dizem o que ouviram dizer e não estão habituados a pensar.
Será completamente diferente uma União Europeia com maioria do PPE ou do PSE no Parlamento Europeu. E esta diferença terá repercussões também em Portugal.
Muito mais diferente do que um Portugal com uma maioria do PSD ou do PS em S. Bento.
As reformas, as modificações e as novas soluções para Portugal só podem vir da Europa. Em Portugal já se viu que não há soluções.
É insensato.
Lança-se contra tudo e contra todos.
Processa jornalistas e bloguistas, ataca estações de televisão, pressiona magistrados.
Mas não explica, não esclarece, não responde.
Estigmatiza quem procura escrituras públicas nos notários, quando as escrituras são públicas e por isso mesmo se chamam públicas.
Foge, foge, foge da realidade. Tem medo da claridade.
Não consegue enfrentar.
Corre às voltas, à volta de si mesmo.
É o seu próprio fantasma.
Tem medo da própria sombra.
Está psiquicamente ferido, está moralmente diminuido, está incapaz de exercer o cargo.
He is the fool on the hill
Commonsense está cada vez mais longe do mainstream político daqui.
Aqui usam-se as europeias para consumo interno, no combate do anão com a anã.
Commonsense está interessado noutras coisas: não permitir o regresso à EFTA (como querem os eurocépticos) e avançar na construção da união política. Ratificar e pôr e funcionar o Tratado de Lisboa. Restituir à Europa o papel de potência mundial que perdeu no fim da segunda guerra, na crise do suez, na descolonização. Reforçar a economia europeia e defendê-la do dumping asiático e da globalização, criar emprego e valor, reforçar a rede social, reduzir o fosso entre pobres e risco, criar justiça social. Repor a justiça a funcionar e meter os vigaristas na prisão. Acabar com o poder das oligarquias mediaticamente assistidas por uma imprensa de aluguer.
Commonsense é um europeu que nasceu aqui. Não lhe interessa este tipo de campanha. Não tem nada a ver com ela. Nem com os partidos que a fazem. Nem como a competição do anão com a anã.
Commonsense vai votar nas europeias. Mas gostava de o fazer noutro Estado Membro.
Devia ser pemitido.
A Autoridade da Concorrência disse que não há cartelização no mercado português de distribuição de combustíveis. Há concorrência, embora haja «paralelismo», quer dizer, os preços sobem e descem em alturas próximas e valores próximos.
Os telejornais, os políticos e os entrevistados de rua protestaram.
Mas sem razão.
Há cartel e cartelização, abertamente, publicamente e mesmo oficialmente na OPEP.
O que se passa nos mercados de distribuição é só uma consequência directa da cartelização da produção.
E não adianta haver concorrência na distribuição em Portugal quando há cartelização na produção em (quase) todo o mundo.
Só é de estranhar não se ouvir os neo-liberais criticarem a OPEP e a Organização Mundial do Comércio fazer como se a OPEP não existisse.
Homenagem a Vincent van Gogh by Don McLean
Van Gogh não foi reconhecido no seu tempo.
Era grande demais.
É cego: não vê o que se passa no País e toda a gente vê.
É surdo: não ouve o que toda a gente diz, e responde torto aos conselhos que lhe dão.
É mudo: não fala, emite uma verborreia compulsiva.
O PSD lá se decidiu: candidatou o Paulo Rangel e mandou-o fazer campanha sobre questões nacionais.
A primeira opção suscita-me uma reserva: Rangel estava a fazer um óptimo papel como líder do grupo parlamentar. Era o único que chegava no Sócrates e chegava para o Sócrates. Era a única oposição real, visível e credível. Talvez ficasse melhor onde estava.
A segunda é oportunista e reactiva. Como o PS tenta evitar a discussão de questões nacionais para evitar o desgaste da situação péssima do País, o PSD tenta trazer o debate para as questões nacionais para majorar esse desgaste. Porém, eu preferia discutir agora questões europeias e, na altura prória, questões nacionais. Acho muito má opção política menosprezar nesta altura as questões europeias.
Já agora: quando Vital Moreira era comunista, ainda alguém se lembra o que é que ele pensava e dizia sobre a Europa? já era um europeu, ou era mesmo só um russo? Como não há duas sem três, o que é que será a próxima encarnação (ou encadernação) de Vital Moreira? Os vira-casacas nunca contribuem para a credibilidade do sistema político.... nem de coisa nenhuma.
Que mania esta, do PSD, de fazer caixinha.
Afinal quem é que vão candidatar ao Parlamento Europeu? a Cinha Jardim?
Pobre partido que eu ajudei a fundar...
Commonsense andou mais uma vez pelo estrangeiro - agora a Bélgica - e, quando voltou, soube atónito das pressões exercidas sobre os magistrados do MP para que arquivassem o processo do Freeport sem que Sócrates fosse ouvido como arguido.
Mais escandalizado ficou com as opiniões de vários (alguns com responsabilidades) segundo os quais, nenhum mal haveria nas pressões, porque os magistrados tinham de ser imunes a elas.
Isto é uma vergonha para Portugal e para Commonsense.
Revela, cada vez com mais claridade, que existem dois estratos da população com dois estatutos de cidadania diferentes: as pessoas comuns, que estão sujeitas à Lei e à Justiça; e as pessoas importantes - os VIPs - que estão acima da Lei e fora do alcance da Justiça.
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