O maior défice do País não é financeiro, nem é democrático, talvez seja neuronal, mas é concerteza de senso comum
Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2009
tu quoque

 

Marcelo, no seu programa dominical, referiu-se a Sócrates, ao Freeport e à casinha no Heron Castinho. Desdramatizou. Muitos que o viram e ouviram ficaram convencidos e tranquilos: aquilo não vai dar nada, o Freeport prescreveu e a casinha foi só esperteza e pura sorte.

 

Se era isto que queria comunicar, destruiu a consideração que Commonsense tinha por ele; se não era, não se percebe bem o que era. Se as coisas não correrem como calcula, ir-se-á desculpar, dizendo que foi ironia.

 

 Sócrates saíu a ganhar com aquilo... Marcelo, não.



publicado por commonsense às 16:07
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Sábado, 21 de Fevereiro de 2009
isto é uma vergonha (5) "a casinha"

 

Esta história da casa de Sócrates é a última gota de água.

 

A casa foi comprada por um valor declarado muito inferior aos valores por que foram declaradas as outras compras equivalentes. Houve duas compras com isenção de sisa em que se pode presumir que foi delarado o preço real, em relação ao qual o valor declarado por Sócrates é inferior em perto de 35%.

 

Nesta situação, de duas uma: ou o valor declarado foi o real como diz Sócrates, ou o valor foi simulado para baixo para defraudar a lei fiscal.

 

No segundo caso, há um crime público de simulação fiscal. O PGR tem de abrir um inquérito e constituir arguidos o comprador e o vendedor; e a administração fiscal tem de corrigir o preço e cobrar o imposto em falta. Ou, alternativamente, revogar as leis que tornam ilícita esta prática e amnistiar ou indultar todos os crimes fiscais e todos aqueles que já foram condenados pela sua prática ou estão em vias de o ser. Lá se vai a "Operação Furacão"!

 

No primeiro caso, a situação também é má. Um desconto de mais de 100.000 euros, feito a quem foi, suscita a legítima dúvida na qualificação: foi doação ou foi o quê? Também nesta alternativa o  PGR não pode deixar de mandar instaurar inquérito criminal e ouvir em declarações o comprador e o vendedor. Já agora, gostava de saber se o vendedor foi alguma "off-shore".

 

Sócrates é useiro e vezeiro nestas coisas. Desde a licenciatura, até a assinatura de projectos de técnicos da Câmara, até ao Freeport e, agora, um decreto (recém-anunciado) especialmente feito para permitir que certo Banco possa emitir um aumento do capital abaixo do par. É demais!

 

Por muito menos foi Santana Lopes demitido por Sampaio (através de prática indirecta da dissolução do Parlamento). 

 

A crise ecómica e social em que Portugal está a mergulhar exige governantes respeitados e repeitáveis. Sócrates, hoje, faz parte do problema e não da solução. Não é um "asset", é uma "liability".



publicado por commonsense às 13:14
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009
lá e cá, a Máfia

Da última edição do Economist:

 

An Italian court sentenced a British lawyer, David Mills, the separated husband of a British minister, Tessa Jowell, to four-and-a-half years in prison for taking a $600,000 bribe from Italy’s prime minister, Silvio Berlusconi. Mr Berlusconi does not face prosecution, thanks to a law granting him immunity while in office.

 

Há quem diga que a Itália é a pátria da Máfia. Não é nada. Na Itália, os tribunais condenam por corrupção. Mas aqui...

 

Também há quem diga que em Portugal a Máfia não mata. Não é por ser mais fraca que a Máfia italiana. Pelo contrário, é mais forte: não precisa...

 

Há ainda quem diga que em Portugal não há Máfia. Tecnicamente falando, a Máfia é uma organização alternativa e paralela ao Governo. Quando a Máfia está no Governo, não chama Máfia, chama-se Governo...



publicado por commonsense às 20:01
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Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009
anomia

Anomia vem etimologicamente de nomos (lei) e significa ausência de valores e de normas de conduta.

Sociológicamente significa falta de consenso social sobre regras e valores básicos comuns numa dada sociedade, com domínio dos interesses individuais e próprios de cada um. A anomia é uma situação mórbida, quer dizer, doentia.

Portugal está a entrar em anomia. Há não muitos anos, tinha uma moral comum católica, cristã. Hoje não há consenso sobre os valores básicos. Os portugueses estão divididos quanto ao aborto, ao casamento, à eutanásia, à corrupação dos políticos, à desonestidade dos empresários. Muitos - cada vez mais - estão indiferentes.

Entretanto, grassa a crise económica, cada dia mais grave. Muito poucos acreditam no Estado, no Governo, no Parlamento, nos Tribunais, na Presidência da República, nas Instituições. O descrédito é comparável apenas com o cinismo e o indiferentismo. Vale tudo ou quase tudo.

Neste estado de coisas, dificilmente se evitará uma grave crise social.

A anomia é uma agonia cívica. 


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publicado por commonsense às 22:22
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Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009
supervizinha

É este o novo nome da "supervisão" do Banco de Portugal.

É tão meiguinha, tão fraquinha, tão tímida, tão querida, tão amiga dos supervisionados, que não vê nada que não lhe queiram mostrar, não investiga nada que seja incómodo e não encontra coisa nenhuma.

É mesmo amorosa.

Não é uma supervisão: é uma supervizinha! 



publicado por commonsense às 21:55
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Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2009
isto é uma vergonha (4) Vale da Rosa

À mulher de César não basta que seja séria, tem também de parecer séria.

Este é o problema de Sócrates. Não chega invocar a presunção legal de inocência, bramar contra campanhas negras, mostrar-se ofendido. Sócrates tem de parecer sério!

Ora, sucede que cada vez mais Sócrates não parece sério e essa é uma Questão de Estado que deve preocupar todos os cidadãos.

As sombras adensam-se. Também no caso dos contentores na frente ribeirinha, o Governo de Sócrates "produziu" um Decreto-Lei que prorrogou a concessão da Liscont sem concurso público, o que não parece sério.

Agora foi denunciado pela Quercus outra aprovação miraculosamente rápida de mais um projecto imobiliário na área de Setúbal, o caso Vale da Rosa, o que também não parece sério.

A compra da casa de Sócrates também é difícil de parecer séria, assim como as trapalhadas com os seus familiares.

O problema de Sócrates é esse: mesmo que seja sério (o que sempre se tem de admitir), ele não parece sério.

Sócrates não pode esquecer que em política (e não só) o que parece, é. E isto parece muito pouco sério. 



publicado por commonsense às 22:57
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Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2009
invasão dos bárbaros

Commonsense esteve uma semana (quase) em Salónica (Thessaloniki). Foi a segunda cidade do império bizantino e é hoje a segunda cidade da Grécia. Foi o destino de refúgio da maioria dos judeus expulsos da Península Ibérica, que constituiram a maioria da população e a mais importante comunidade da cidade até serem levados para os campos de morte nos anos quarenta do século XX.

 

É grande a influência Ibérica em muitas coisas, entre elas na cozinha. Mas a maior e a pior é a da arquitectura da segunda metade do século XX, estilo Quarteira. E eu que pensava que Portugal tinha os piores arquitectos do mundo!

 

 

Lado a lado com o esplendor da arquitectura bizantina, como a da Igreja de Santa Sophia:

 

 

 

É nova invasão dos bárbaros: os "patos bravos" com os seu "arquitontos".

 


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publicado por commonsense às 22:41
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2009
accionistas masoquistas

«Investors are calling for Lloyds Banking Group to bring forward its financial results amid growing disquiet that Andy Hornby is still drawing £60,000 a month as a consultant four months after the emergency takeover of HBOS». (The Independent - 1/2/09)

 

Na nossa terra, os banqueiros que levaram os bancos quase à bancarrota continuam a ganhar salários milionários sem que ninguém se lembre de os pôr na rua e de lhes exigir de volta o dinheiro que ganharam com aquelas lamentáveis prestações.

 

Há accionistas que são masoquistas.



publicado por commonsense às 12:24
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