Para acabar com o arcaismo social e cultural, com o mau viver resignado sem qualidade nem ambição, com um Portugal a duas velocidades, não é moralmente legítimo pedir mais sacrifícios a quem viveu uma vida inteira de privações. É necessário um compromisso cívico de todos.
O Presidente disse o que os Portugueses sentem e o que jornalistas não esperavam.
A contra-informação é aviltante para todos os que são ali caricaturados. É verdade que a caricatura foi sempre e continuará a ser um meio legítimo de crítica política. E a contra-informação é isso mesmo.
Os portugueses adoram a contra-informação. Divertem-se com ela. Mas este divertimento têm um contra: torna ainda mais vis os políticos cá da terra. Ninguém - ou quase ninguém - minimamente respeitável, e com respeito por si próprio, está disposto a ser aviltado daquela maneira na televisão.
Se a contra-informação pretende combater a falta de qualidade dos políticos, acaba por obter um efeito perverso: afasta da vida política as pessoas que têm dignidade e mantém nela aqueles que não se importam de ser aviltados.
Um povo que gosta de aviltar os seus políticos está condenado a ter políticos vis.
O país está escandalizado, e bem, com o desparecimento dos deputados que deixaram o parlamento sem quorum. Mas houve alguns que ficaram: por isso, é preciso distinguir entre o trigo (os que ficaram), o joio (os que se foram embora) e o lixo (aqueles que assinaram a folha de presenças e saíram).
O parlamanto tem uma comissão de ética. Os portugueses têm o direito de exigir desta comissão que abra um inquérito e publique no site do parlamento os nomes dos deputados que se distribuem por aquelas três categorias. Não vale a pena publicar as justificações, para que não percamos ainda mais a consideração que (a cada vez menos) temos por eles.
Em Portugal nunca se separa o trigo do joio - e muito menos do lixo. É urgente começar.
Fumar. Fumar o quê? Tabaco ou o quê? É cada vez mais proibido fumar tabaco... é cada vez mais permitido fumar o quê... Fumar faz mal? Pois faz. Afecta a saúde pública? Talvez. Mas não há mais coisas que fazem mal individual e geral?Jogar também faz mal. Faz mal individualmente a quem joga, porque empobrece, e à sociedade, porque cria problemas sociais. Vão ser fechados os casinos? O fast food também faz mal. Vão ser fechados os MacDonalds, Pizza Huts, Burger Kings? Há fumos e fumos. O fumo do tabaco perturba a lucidez do ministro. Smoke got in his brain. Vai haver células clandestinas de fumadores - o smoking underground. Vai haver prisões à noite, delações no escuro, cães treinados em farejar cinzeiros. A war on smoke vai ser perdida: vai-se passar a fumar nas casas de banho, atrás das árvores, debaixo das camas, em 'casas de passa'. Que mania esta de decretar a virtude!
Aprova-se uma lei que permite o controlo político da acusação criminal, interpõe-se a presidência do conselho entre a interpol/europol e a judiciária, substitui-se o director nacional da polícia judiciária por uma pessoa de confiança política. Isto quando estão em investigação os casos apito dourado, felgueiras, oeiras, valentim, portucale, submarinos, freeport, e ainda alguns de pedofilia. É impossível não desconfiar.
Foi com pompa, circunstância e muita publicidade (propaganda?) que foi introduzida por todo o lado a reforma da administração pública. Porém, à quantidade não corresponde a qualidade da informação. Sabe-que vão ser (ainda não foram) extintos inúmeros institutos, serviços e organizações do Estado, mas não se percebe se se trata tão só de reorganização ou rearranjo.
Exemplificando: são extintos os serviços A e B, e é constituído, em sua vez, o serviço AB. Mas não se sabe se este novo serviço AB mantém as funções, as instalações, os dirigentes e o pessoal dos defuntos serviços A e B. Se assim for, não terá servido para nada, a não ser para aumentar a entropia.
Exemplificando ainda: ninguém diz se esta reforma vai implicar uma redução dos efectivos da função pública. Daí, de duas uma: ou se projectou a reforma sem pensar nisso e sem calcular isso, e os refomadores são incompetentes; ou se pensou, se sabe e se omite, e os reformadores estão a mentir.
O mistério da reforma é como o mistério da esfinge: é impenetrável.
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